Saúde começa pela Boca


quarta-feira, 29 de março de 2017

FRATURA DENTAL


Existem vários estudos epidemiológicos sobre o assunto, e a maioria relata que os dentes mais afetados pelo trauma são os incisivos centrais superiores, e que a incidência mais frequente de fratura são encontradas na dentição permanente, enquanto luxações ocorrem mais em dentes decíduos. 
Isso se deve a fragilidade do periodonto de sustentação da criança, periodonto este que no momento do trauma não oferece tanta resistência ao impacto quanto o periodonto da dentição permanente.
Em todos os estudos epidemiológico o consenso é que o trauma dental provoca fraturas com mais frequência nos dentes anteriores especialmente nos dentes permanentes, geralmente apenas com o envolvimento da coroa dental.
O profissional deve fazer um correto diagnóstico da lesão para se obter um correto prognóstico. No diagnóstico é de suma importância conhecer a história do trauma e também saber do paciente ou responsável, a respeito de algum eventual tratamento anterior do dente envolvido.
Nos casos de fratura dental, é importante que se localize o fragmento deslocado, muitas vezes o próprio paciente traz consigo este fragmento, acondicionado ou não em meio adequado. No entanto, é comum o paciente ou seus pais perderem a parte fraturada do dente, ou não se preocuparem em procura-la no momento do trauma. Existem casos em que pode ocorrer aspiração ou deglutição do fragmento, em outros casos pode ocorrer também lacerações labiais associadas, com isso pode ocorrer o alojamento do fragmento nos tecidos moles, estas situações devem ser diagnosticadas radiograficamente.
A partir destes fatores, as fraturas são classificadas didaticamente em dois grupos genéricos de pré disposição ao trauma Baratieri 2010.
-            Grupo I – Dentes higidos de adolescentes e crianças, em que a fratura é resultado de trauma em atividades esportivas, quedas e acidentes com bicicletas, skates ou outras atividades de laser.
-            Grupo II _ Dentes de pacientes adultos, fragilizados por amplas restaurações e/ou lesões de cárie, tratados endodonticamente ou não, em que a fratura é resultado de trauma em acidentes automobilísticos, atividades esportivas, brigas e mesmo de funções oclusais parafuncionais ou não.
Estes grupos se subdividem em algumas classificações didaticamente expostas:
-CLASSE I – Fratura de esmalte.
-CLASSE II – Fratura de esmalte e dentina.

Um dente com fratura de esmalte não necessita de tratamento imediato. Havendo envolvimento dentinário, o tratamento deve ser realizado dentro de 48 horas. O prognóstico de uma fratura coronária não complicada tanto na dentição permanente como na decídua é bom.

-CLASSE III – Fratura de esmalte e dentina com exposição pulpar;
-CLASSE IV – Envolvimento de periodonto.
No caso de dentes anteriores fraturados, os fatores que devem ser considerados são:
  • Atendimento inicial;
  • Momento da restauração;
  • Presença ou ausência do fragmento, (pode ou não ser aproveitado);
  • Extensão periodontal da fratura (espaço biológico);
  • Comprometimento pulpar (situação da polpa);
  • Lesão associada ao ligamento periodontal / osso alveolar (luxações);

É comum, nos serviços de urgência, a presença de pacientes vítimas de traumatismo dentoalveolar. Para chegarmos a um correto diagnóstico, é necessário conhecer como são classificados estes traumatismos e quais são as estruturas envolvidas. Uma boa anamnese, um bom exame clínico e exames complementares são indispensáveis na instituição de um plano de tratamento rápido e adequado. O acompanhamento pós-operatório é de fundamental importância para o prognóstico.
O traumatismo dentoalveolar envolve três estruturas básicas: dentes, porção alveolar e tecidos moles adjacentes. O tipo de dano e as estruturas atingidas orientam o tratamento. Enfatizaram que para cada tipo de trauma haveria ou não uma forma de contenção, e o tempo que o paciente permanecesse imobilizado seria diretamente proporcional ao de cicatrização das estruturas lesadas.
 O prognóstico depende do grau de envolvimento das estruturas atingidas, do seu estágio de desenvolvimento e do tempo transcorrido entre o acidente e o atendimento.

I-Exame Clínico

Deve iniciar pelo exame dos tecidos moles, sendo indispensável a lavagem destes. Em seguida, devem-se examinar os tecidos dentários, para se detectar a presença de fraturas. Verifica-se a mobilidade dentária, faz-se o teste de percussão e o teste da sensibilidade elétrica. Saliência óssea na maxila ou na mandíbula, maloclusão ou mordida aberta podem ser indicativos de fratura .

II-Exames Complementares

Lesões penetrantes do lábio necessitam de radiografias para a localização de corpos estranhos. Incidências oclusais e periapicais com modificações na angulação vertical nos orientam no diagnóstico.

III-Classificação

As duas maiores estruturas comprometidas em um dano dentoalveolar são o pulpar e o periodontal.
A fratura coronária pode envolver:
a) apenas, o esmalte 
b) esmalte e a dentina (não complicada);
c) esmalte, a dentina e a polpa (complicada);
d) uma porção da raiz (fratura corono-radicular), envolvendo ou não a polpa dental (complicada e não complicada). 
e) Fissura ou infração ocorre, quando não há perda da estrutura dental.

O traumatismo dentoalveolar constitui-se grande parte das urgências nos consultórios odontológicos. Crianças e adolescentes estão particularmente predispostos, ao realizarem atividades de risco. A primeira consulta é fundamental para o sucesso terapêutico, mas o acompanhamento a longo prazo é, da mesma forma, essencial para prevenir futuras complicações que possam estar associadas ao trauma e à instituição de um tratamento imediato.
Face ao exposto, a partir do exame de cada caso e considerando as características do paciente, a partir dos dados obtidos em sua anamnese, opta-se por métodos terapêuticos adequados ao diagnóstico estabelecido.
Anamnese:

  •      Saúde geral do paciente;
  •       Quando e como decorreu o acidente;
  •       Local onde ocorreu a injúria;
  •       Tempo decorrido desde o traumatismo até o  exame;
  •       Traumas anteriores com envolvimento dentário;
  •       Tratamento eventualmente realizado;
  •       Avaliar ATM.
Exame clinico dos tecido Moles
OBSERVAR:
1.      Laceração de tecidos mole;
2.      Grau da lesão;
3.      Presença de fragmento ou corpo estranho dentro dos tecidos moles;
4.      Se necessário encaminhar para atendimento médico especializado.
Exame dos tecidos duros
      AVALIAR: Grau de erupção dental

  •       Extensão da fratura e quantidade de tecido dental envolvido;
  •       Teste de mobilidade;
  •       Teste de percussão;
  •       Exame do fragmento dentário.
ANÁLISE DO FRAGMENTO

  •      Grau de desidratação;
  •      Grau de adaptação.
Exame radiográfico indicará:
1.      Condições do periodonto e do ápice;
2.      Presença ou não de tratamento endodôntico;
3.      Relação fratura/crista óssea;
4.      Grau de rizogênese do dente.
A parte perdida da coroa pode ser geralmente reconhecida, ao passo que linhas de fissura não podem ser vistas.
     Plano de tratamento
     Considerar os fatores:
1.      Estado de saúde geral do paciente;
2.      Fator emocional;
3.      Quadro pulpar e/ou periodontal;
4.      Inadequação do meio bucal.
      FATOR EMOCIONAL
1.      Paciente e familiares sob estresse;
2.      Perda de parte do elemento dental e perda de parte de sua identidade ainda em formação;
3.      Recuperação da perda;
4.      Lembrar o tempo do tratamento.
QUADRO PULPAR E/OU PERIODONTAL
Pode ser dificultado:
1.      Resposta pulpar duvidosa
2.      Lesões em tecidos moles
3.      Fator emocional
Fratura da coroa com Exposição pulpar
Objetivos:
1.      Reconhecer alterações resultantes de exposição e de luxações;
2.      Determinar opções de tratamento;
3.      Providenciar cuidado emergencial e definitivo.
Definição do Aspecto Clínico
1.      Fratura complicada da coroa;
2.      Luxação – polpa vermelho viva, cianótica ou isquêmica, poderá haver sangramento espontâneo.
Imagem Radiográfica
1.      Perda de substância dental aparente, bem como alterações periodontais no caso de luxação concomitante.
Considerações Biológicas:
2.      Exposição – agressão direta e indireta a polpa que responde com uma reação inflamatória e subsequente formação de tecido de granulação
Princípios de Tratamento:
3.      Selar túbulos dentinários expostos e proteger a polpa; restaurar a função e a estética originais do dente.
INADEQUAÇÃO DO MEIO BUCAL
      Escovação incorreta:
                  - Devido ao trauma;
                  - Maus hábitos de higiene.
Tratamento Imediato
Feito na primeira sessão. Poderão ser realizados procedimentos tais como:
            - Reposicionamento do dente no alvéolo;
            - Proteção pulpar e/ou dentinária;
            - Esplintagem de dentes com mobilidade;
            - Orientação de higiene e/ou repouso mastigatório, dor;
            - Se as condições permitirem realizar a colagem na 1a sessão.
Tratamento mediato
Poderá ser de dois tipos:
1.      Restaurações adesivas indiretas: tratamentos protéticos, coroas metalo-plásticas, metalo-cerâmicas ou porcelana pura.
2.      Restaurações adesivas diretas: resinas compostas ou colagem de fragmentos dentários.
3.      Colagem de fragmentos
Vantagem:

  •      Estética;
  •      Melhor função (manutenção da guia anterior);
  •      Fator emocional e social positivo;
  •      Técnica simples e rápida.
Tática operatória
1- Profilaxia -  Pasta profilática e taças de borracha
2- Seleção da cor-  Mesma cor que a do remanescente dental
3- Anti-sepsia e anestesia
4- Prova do fragmento

Verificar: 
  • O grau de desidratação;
  •  Estrutura dental remanescente;
  • A perda ou não de espaço;
  • 3Adaptação do fragmento
Preparo do fragmento e remanescente dentais Isolamento do campo operatório

  •         Compensar a espessura da base;
  •         Criar espaço no fragmento para alojar um pino;
  •         Estética
Procedimentos adesivos (polpas expostas)

  •           Revestimento com hidróxido de cácio em pó;
  •           Cimento de Hidróxido de Cálcio foto ativado;
  •           Sistema adesivo não acetonado;
  •          Resina composta.
Acabamento e polimento
            1ª Etapa
· Proximal - Lâmina de bisturi nº 12 e tiras de lixa
2ª Etapa
· Vestibular - Sistemas de discos de lixa abrasivos sequenciais.
3° Etapa
Palatino - Brocas multilaminadas, pontas diamantadas de granulação fina e extrafina, seguidas por borrachas e pastas abrasivas.
Restaurações com compósitos em dentes anteriores fraturados
Protocolo Clínico
1-Manobras prévias
·         Análise da radiografia;
·         Análise dos dentes fraturados com os dentes antagônicos e vizinho;
·         Análise da estética.
2- Seleção das resinas compostas
Associação de resinas de micropartículas e micro-híbridas. Enquanto as resinas micro-híbridas são usadas para reproduzir o esmalte palatal, a dentina e conferir resistência flexural a restauração, as de micropartículas são empregadas superficialmente para reproduzir o esmalte vestibular e suas características de lisura, brilho, e transparência.
3- Preparo cavitário
·         Confecção do bisel:
·         Vantagens: Razões estéticas;
·         Aumento da área superficial para o condicionamento ácido;
·         Possibilita a remoção da camada superficial do esmalte externo rica em flúor, aprismática e, por conseqüência, menos energética;
·         Melhor adaptação marginal e, por conseguinte, menor infiltração.
3-Condicionamento ácido total (esmalte e dentina)
·         Condicionamento total com ácido fosfórico à 37% por 30’ em esmalte e 15’ em dentina
4- Seleção, instalação e estabilização do sistema matriz
·         Matrizes transparentes em forma de tiras;
·         Matrizes em forma de ângulo;
·         Matrizes em forma de coroa total;
·         Matriz de silicona (superfície palatina);
5-Acabamento e polimento
·         Proximal - Lâmina de bisturi nº 12 e tiras de lixa
·         Vestibular - Sistemas de discos de lixa abrasivos sequenciais.
·         Palatino - Brocas multilaminadas, pontas diamantadas de granulação fina e extrafina, seguidas por borrachas e pastas abrasivas. 


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