Existem vários estudos epidemiológicos sobre
o assunto, e a maioria relata que os dentes mais afetados pelo trauma são os
incisivos centrais superiores, e que a incidência mais frequente de fratura são
encontradas na dentição permanente, enquanto luxações ocorrem mais em dentes
decíduos.
Isso se deve a fragilidade do periodonto de sustentação da criança,
periodonto este que no momento do trauma não oferece tanta resistência ao
impacto quanto o periodonto da dentição permanente.
Em
todos os estudos epidemiológico o consenso é que o trauma dental provoca
fraturas com mais frequência nos dentes anteriores especialmente nos dentes
permanentes, geralmente apenas com o envolvimento da coroa dental.
O profissional deve fazer um correto diagnóstico da lesão para se obter
um correto prognóstico. No diagnóstico é de suma importância conhecer a
história do trauma e também saber do paciente ou responsável, a respeito de
algum eventual tratamento anterior do dente envolvido.
Nos casos de fratura dental, é importante que se localize o fragmento
deslocado, muitas vezes o próprio paciente traz consigo este fragmento,
acondicionado ou não em meio adequado. No entanto, é comum o paciente ou seus
pais perderem a parte fraturada do dente, ou não se preocuparem em procura-la
no momento do trauma. Existem casos em que pode ocorrer aspiração ou deglutição
do fragmento, em outros casos pode ocorrer também lacerações labiais
associadas, com isso pode ocorrer o alojamento do fragmento nos tecidos moles,
estas situações devem ser diagnosticadas radiograficamente.
A
partir destes fatores, as fraturas são classificadas didaticamente em dois grupos
genéricos de pré disposição ao trauma Baratieri 2010.
-
Grupo
I – Dentes higidos de adolescentes e crianças, em que a fratura é resultado de
trauma em atividades esportivas, quedas e acidentes com bicicletas, skates ou
outras atividades de laser.
-
Grupo
II _ Dentes de pacientes adultos, fragilizados por amplas restaurações e/ou
lesões de cárie, tratados endodonticamente ou não, em que a fratura é resultado
de trauma em acidentes automobilísticos, atividades esportivas, brigas e mesmo
de funções oclusais parafuncionais ou não.
Estes grupos se subdividem em algumas classificações
didaticamente expostas:
-CLASSE I – Fratura de esmalte.
-CLASSE II – Fratura de esmalte e dentina.
Um dente com fratura de esmalte não necessita de tratamento imediato. Havendo envolvimento dentinário, o tratamento deve ser realizado dentro de 48 horas. O prognóstico de uma fratura coronária não complicada tanto na dentição permanente como na decídua é bom.
-CLASSE III – Fratura de esmalte e dentina
com exposição pulpar;
-CLASSE IV – Envolvimento de periodonto.
No caso de dentes anteriores fraturados, os
fatores que devem ser considerados são:
- Atendimento inicial;
- Momento da restauração;
- Presença ou ausência do fragmento, (pode ou não ser aproveitado);
- Extensão periodontal da fratura (espaço biológico);
- Comprometimento pulpar (situação da polpa);
- Lesão associada ao ligamento periodontal / osso alveolar (luxações);
É
comum, nos serviços de urgência, a presença de pacientes vítimas de traumatismo
dentoalveolar. Para chegarmos a um correto diagnóstico, é necessário conhecer
como são classificados estes traumatismos e quais são as estruturas envolvidas.
Uma boa anamnese, um bom exame clínico e exames complementares são indispensáveis
na instituição de um plano de tratamento rápido e adequado. O acompanhamento
pós-operatório é de fundamental importância para o prognóstico.
O
traumatismo dentoalveolar envolve três estruturas básicas: dentes, porção
alveolar e tecidos moles adjacentes. O tipo de dano e as estruturas
atingidas orientam o tratamento. Enfatizaram que para
cada tipo de trauma haveria ou não uma forma de contenção, e o tempo que o
paciente permanecesse imobilizado seria diretamente proporcional ao de
cicatrização das estruturas lesadas.
O prognóstico depende
do grau de envolvimento das estruturas atingidas, do seu estágio de
desenvolvimento e do tempo transcorrido entre o acidente e o atendimento.
I-Exame
Clínico
Deve
iniciar pelo exame dos tecidos moles, sendo indispensável a lavagem destes. Em seguida, devem-se examinar os tecidos dentários,
para se detectar a presença de fraturas. Verifica-se a mobilidade
dentária, faz-se o teste de percussão e o teste da sensibilidade elétrica. Saliência óssea na maxila ou na mandíbula, maloclusão ou
mordida aberta podem ser indicativos de fratura .
II-Exames
Complementares
Lesões
penetrantes do lábio necessitam de radiografias para a localização de corpos
estranhos. Incidências oclusais e periapicais com modificações na angulação
vertical nos orientam no diagnóstico.
III-Classificação
As duas maiores estruturas comprometidas em um dano dentoalveolar são o pulpar
e o periodontal.
A
fratura coronária pode envolver:
a) apenas, o esmalte
b) esmalte e a dentina
(não complicada);
c) esmalte, a dentina e a polpa (complicada);
d) uma
porção da raiz (fratura corono-radicular), envolvendo ou não a polpa dental
(complicada e não complicada).
e) Fissura ou infração ocorre, quando não há perda
da estrutura dental.
O
traumatismo dentoalveolar constitui-se grande parte das urgências nos
consultórios odontológicos. Crianças e adolescentes estão particularmente predispostos,
ao realizarem atividades de risco. A primeira consulta
é fundamental para o sucesso terapêutico, mas o acompanhamento a longo prazo é,
da mesma forma, essencial para prevenir
futuras complicações que possam estar associadas ao trauma e à instituição de
um tratamento imediato.
Face
ao exposto, a partir do exame de cada caso e considerando as características do
paciente, a partir dos dados obtidos em sua anamnese, opta-se por métodos
terapêuticos adequados ao diagnóstico estabelecido.
Anamnese:
- Saúde geral do paciente;
- Quando e como decorreu o acidente;
- Local onde ocorreu a injúria;
- Tempo decorrido desde o traumatismo até
o exame;
- Traumas anteriores com envolvimento
dentário;
- Tratamento eventualmente realizado;
- Avaliar ATM.
Exame
clinico dos tecido Moles
OBSERVAR:
1. Laceração
de tecidos mole;
2. Grau
da lesão;
3. Presença
de fragmento ou corpo estranho dentro dos tecidos moles;
4. Se
necessário encaminhar para atendimento médico especializado.
Exame
dos tecidos duros
AVALIAR:
Grau de erupção dental
- Extensão da fratura e quantidade de
tecido dental envolvido;
- Teste de mobilidade;
- Teste de percussão;
- Exame do fragmento dentário.
ANÁLISE
DO FRAGMENTO
- Grau de desidratação;
- Grau de adaptação.
Exame radiográfico indicará:
1. Condições
do periodonto e do ápice;
2. Presença
ou não de tratamento endodôntico;
3. Relação
fratura/crista óssea;
4. Grau
de rizogênese do dente.
A
parte perdida da coroa pode ser geralmente reconhecida, ao passo que linhas de
fissura não podem ser vistas.
Plano de tratamento
Considerar os fatores:
1. Estado
de saúde geral do paciente;
2. Fator
emocional;
3. Quadro
pulpar e/ou periodontal;
4. Inadequação
do meio bucal.
FATOR EMOCIONAL
1. Paciente
e familiares sob estresse;
2. Perda
de parte do elemento dental e perda de parte de sua identidade ainda em
formação;
3. Recuperação
da perda;
4. Lembrar
o tempo do tratamento.
QUADRO
PULPAR E/OU PERIODONTAL
Pode
ser dificultado:
1. Resposta
pulpar duvidosa
2. Lesões
em tecidos moles
3. Fator
emocional
Fratura da coroa com
Exposição pulpar
Objetivos:
1. Reconhecer
alterações resultantes de exposição e de luxações;
2. Determinar
opções de tratamento;
3. Providenciar
cuidado emergencial e definitivo.
Definição
do Aspecto Clínico
1. Fratura
complicada da coroa;
2. Luxação
– polpa vermelho viva, cianótica ou isquêmica, poderá haver sangramento
espontâneo.
Imagem
Radiográfica
1. Perda
de substância dental aparente, bem como alterações periodontais no caso de
luxação concomitante.
Considerações
Biológicas:
2. Exposição
– agressão direta e indireta a polpa que responde com uma reação inflamatória e
subsequente formação de tecido de granulação
Princípios
de Tratamento:
3. Selar
túbulos dentinários expostos e proteger a polpa; restaurar a função e a
estética originais do dente.
INADEQUAÇÃO
DO MEIO BUCAL
Escovação incorreta:
- Devido ao trauma;
- Maus hábitos de higiene.
Tratamento Imediato
Feito na primeira
sessão. Poderão ser realizados procedimentos tais como:
- Reposicionamento do dente no alvéolo;
- Proteção pulpar e/ou dentinária;
- Esplintagem de dentes com mobilidade;
- Orientação de higiene e/ou repouso mastigatório, dor;
- Se as condições permitirem realizar a colagem na 1a
sessão.
Tratamento mediato
Poderá ser de dois
tipos:
1. Restaurações
adesivas indiretas: tratamentos protéticos, coroas
metalo-plásticas, metalo-cerâmicas ou porcelana pura.
2. Restaurações
adesivas diretas: resinas compostas ou colagem de
fragmentos dentários.
3. Colagem
de fragmentos
Vantagem:
- Estética;
- Melhor função (manutenção da guia anterior);
- Fator emocional e social positivo;
- Técnica simples e rápida.
Tática operatória
1- Profilaxia - Pasta profilática e taças de borracha
2- Seleção da cor- Mesma cor que a do remanescente dental
3- Anti-sepsia e
anestesia
4- Prova do fragmento
Verificar:
- O grau de desidratação;
- Estrutura dental remanescente;
- A perda ou não de espaço;
- 3Adaptação do fragmento
Preparo do fragmento
e remanescente dentais Isolamento do campo operatório
- Compensar a espessura da base;
- Criar espaço no fragmento para alojar um
pino;
- Estética
Procedimentos
adesivos (polpas expostas)
- Revestimento com hidróxido de cácio em
pó;
- Cimento de Hidróxido de Cálcio foto
ativado;
- Sistema adesivo não acetonado;
- Resina composta.
Acabamento e
polimento
1ª Etapa
·
Proximal - Lâmina de bisturi nº 12 e tiras de lixa
2ª Etapa
2ª Etapa
·
Vestibular - Sistemas de discos de lixa abrasivos sequenciais.
3°
Etapa
Palatino
- Brocas multilaminadas, pontas diamantadas de granulação fina e extrafina,
seguidas por borrachas e pastas abrasivas.
Restaurações
com compósitos em dentes anteriores fraturados
Protocolo
Clínico
1-Manobras
prévias
·
Análise da radiografia;
·
Análise dos dentes fraturados com os
dentes antagônicos e vizinho;
·
Análise da estética.
2-
Seleção das resinas compostas
Associação
de resinas de micropartículas e micro-híbridas. Enquanto as resinas
micro-híbridas são usadas para reproduzir o esmalte palatal, a dentina e
conferir resistência flexural a restauração, as de micropartículas são
empregadas superficialmente para reproduzir o esmalte vestibular e suas
características de lisura, brilho, e transparência.
3-
Preparo cavitário
·
Confecção do bisel:
·
Vantagens: Razões
estéticas;
·
Aumento da área superficial para o
condicionamento ácido;
·
Possibilita a remoção da camada
superficial do esmalte externo rica em flúor, aprismática e, por conseqüência,
menos energética;
·
Melhor adaptação marginal e, por
conseguinte, menor infiltração.
3-Condicionamento
ácido total (esmalte e dentina)
·
Condicionamento total com ácido
fosfórico à 37% por 30’ em esmalte e 15’ em dentina
4-
Seleção, instalação e estabilização do sistema matriz
·
Matrizes transparentes em forma de
tiras;
·
Matrizes em forma de ângulo;
·
Matrizes em forma de coroa total;
·
Matriz de silicona (superfície
palatina);
5-Acabamento
e polimento
·
Proximal - Lâmina de bisturi nº 12 e
tiras de lixa
·
Vestibular - Sistemas de discos de lixa
abrasivos sequenciais.
·
Palatino - Brocas multilaminadas, pontas
diamantadas de granulação fina e extrafina, seguidas por borrachas e pastas
abrasivas.
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